Os 466 anos de uma cidade como Salvador são motivo de orgulho para seus habitantes e boa oportunidade para mostrar quais foram os caminhos trilhados – em mais de quatro séculos – na organização de uma sociedade plural e na produção do conhecimento. Das janelas do Mosteiro de São Bento, os monges acompanharam e influenciaram fatos relevantes. Nesta segunda-feira (30), os beneditinos reabrem o museu para recontar a história do Mosteiro que se mistura com o desenvolvimento de Salvador e da Bahia.
O Mosteiro de São Bento da Bahia é o primeiro das Américas, fundado em 1582. Sua biblioteca guarda milhares de obras raras. O primeiro prédio foi construído no final do século XVI. O atual teve obra iniciada na segunda metade do século XVII.
O prédio foi ocupado pelos holandeses em 1624, durante a invasão de Salvador, quando o edifício foi saqueado e destruído. O monge arquiteto Frei
Macário de São João fez o projeto do novo prédio, na Avenida Sete de Setembro, em estilo neoclássico. As obras foram iniciadas no século XVII e concluídas no final do século XIX.
As páginas desta história podem ser analisadas sob o olhar dos monges. Instalado nas galerias superiores da Basílica de São Sebastião, o museu possui mostra representativa de um acervo de mais de duas mil peças, entre quadros, porcelanas, cristais, ourivesaria, mobiliário, paramentos e 223 imagens. O acervo foi organizado do ponto de vista didático. Os visitantes encontram ali uma breve síntese da história da arte no Brasil.
Imagens, em madeira, de São Bento e de sua irmã, Santa Escolástica, estão dispostas logo à entrada. A imagem feminina casa bem com a expressão popular “santa do pau oco”, já que há um espaço aberto no fundo da imagem, onde objetos de valor e riquezas eram escondidos nas igrejas e residências. Um dos ícones do museu é o São Pedro Arrependido, do século XVII, feito em barro cozido pelo beneditino frei Agostinho da Piedade.
O museu pode ser visitado de segunda a sexta-feira, das 13h às 17h, com ingresso a R$ 10. Grupos de, no mínimo, 30 pessoas podem marcar visita pela manhã, inclusive aos sábados e domingos, com antecedência mínima de 10 dias úteis. Os contatos do setor de cultura do Mosteiro são (71) 2106-5200 e [email protected].
Livros – Uma extensa biblioteca também está à disposição do público, de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 12h30 às 17h50. São mais de 300 mil títulos, com destaque para as 13 mil publicações raras e raríssimas – geralmente livros antigos, com poucos exemplares existentes em todo o mundo. Dentre as mais antigas, estão publicações religiosas em latim, datadas do século XVI, com destaque para livros de Teologia, de 1534 e 1536, e um guia de canto gregoriano feito pelos monges beneditinos do Mosteiro, em 1848. Algumas publicações raras estão disponíveis para leitura na internet: www.saobento.org.br.
Canto gregoriano – Já na Basílica de São Sebastião (igreja abacial do Mosteiro de São Bento) é possível assistir ao espetáculo musical de religiosos, aos domingos, às 10h, quando são realizadas missas acompanhadas pelo coro de canto gregoriano, abertas ao público em geral.